MARACUJÁ – MARACUJAZEIRO

Se existe uma espécie que tem uma “bossa tropical” é o maracujá, sabor azedinho, coloração forte,  aroma escandaloso  e  a  beleza   exuberante   das flores, além de uma verdadeira fixação pelo sol   –   o  maracujá   não nega as origens tropicais e representa o “gingado brasileiro”.

MARACUJÁ – é uma denominação dada ao fruto e à planta (trepadeira) de várias espécies do gênero “Passiflora”. Seu nome tem origem indígena Tupi “moruku’ia”, que significa “alimento em forma de cuia” ou “alimento na cuia”.    A primeira referência ao maracujá no Brasil é do século XVI no livro Tratado Descritivo do Brasil, de 1587, na qual o maracujá é citado como uma erva (trepadeira) exótica que dá frutos com múltiplas potencialidades alimentares, ornamentais e medicinais.

FLOR DA PAIXÃO / CALVÁRIO DE CRISTO – essa planta, considerada extraordinária pela conformação de suas flores, foi mandada de presente ao Papa Paulo V (1605-1621), que mandou cultivá-la com grande carinho em Roma e divulgar que ela representava uma “revelação divina” devido à exuberante beleza e àss características físicas de suas flores, com vários elementos do “Calvário de Cristo”. A associação da Paixão (crucificação) de Jesus Cristo à flor do maracujá deu origem ao nome do gênero“Passiflora, vindo do latim passio(Paixão) e floris(flor), de forma que o maracujá também é conhecido como “Flor da Paixão”.

DIVERSIDADE SILVESTRE – a maioria das espécies de maracujá tem origem na América Tropical, sendo encontradas nos diferentes Biomas, principalmente no Cerrado, Amazônia, Mata Atlântica e Caatinga. Assim o Brasil possui a maior diversidade de espécies silvestres e comerciais do fruto, sendo o maior produtor, consumidor e exportador mundial do suco.  A espécie Passiflora edulis Sims. (maracujá-azedo/maracujá-amarelo) ocupa mais de 90% dos pomares, seguida das espécies P. olata Curtis (maracujá-doce), P. setácea D.C. (maracujá-do-sono/maracujá-do-serrado/maracujá-pérola) e P. cincinnata Mast. (maracujá-do-mato/maracujá-da-caatinga), que também atingem escala comercial como frutíferas, além de outras espécies que são cultivadas localmente ou em escala doméstica.

USO MÚLTIPLO DO MARACUJAZEIRO – diferentes partes da planta podem ser utilizadas comercialmente como a polpa, as sementes, a casca, as flores, as ramas e as folhas. Este uso múltiplo possibilita o uso diversificado do maracujá, o qual está relacionado à produção de frutos para consumo in natura (maracujá-doce), produção frutos para polpa (maracujá-azedo), produção de flores e ramas para ornamentação e produção de matéria prima com propriedades funcionais e medicinais para indústria de alimentos, condimentos, cosmético e farmacêutico. Essa multiplicidade da planta reflete na riqueza de bioativos com potencial antioxidante, fibras e ácidos graxos. 

FLORES – Além do uso medicinal, nutricional, funcional, as espécies de passifloraapresentam grande potencial para uso ornamental, o que tem motivado trabalhos de melhoramento genético com a finalidade de disponibilizar materiais superiores para ornamentação e paisagismo.             

RAMAS – de algumas espécies silvestres são usadas na elaboração de cestos e trabalhos artesanais diversos, o que mostra a versatilidade de aplicações e usos das espécies de maracujazeiros.

POLPA – além do sabor azedo, que cai bem no clima tropical, é recheada de nutrientes, tem uma forte ação antioxidante e pouquíssimas calorias. Rica em vitaminas do complexo B, A e C, cálcio, ferro, fósforo, sódio, potássio e fibras solúveis. É a parte mais utilizada da planta, destina-se à fabricação de vários produtos industrializados como sucos, bebidas (licor, vinho), néctar, iogurte, mousses, doces cristalizados, geléias, sorvetes, suplementos naturais… Pigmentos caratenoides  –  a cor amarelaintensa do suco de maracujá deve-se aos “pigmentos caratenoides”. O principal papel desses pigmentos na dieta humana é de serem precursores de vitamina A. Os caratenoides pró-vitamínicos presentes no maracujá atuam como antioxidantes na prevenção do câncer, catarata, arteriosclerose e processos de envelhecimento em geral.                                              Calmante por natureza – contém alcaloides e flavonoides, substâncias que agem no “sistema nervoso central” e atuam como tranquilizantes, analgésicos e relaxantes musculares, combatendo a ansiedade, a depressão e os distúrbios do sono.

SEMENTES – apresentam teores e qualidade de “ácidos graxos”, podem ser usadas na fabricação de óleos e azeites para uso alimentar e cosmético. As sementes também são comercializadas inteiras para a decoração de alimentos, cosméticos e para uso em peças de artesanato.

FOLHAS – são utilizadas na elaboração de extratos diversos (“compostosbioativos” fenólicos, flavonoides e carotenoides), na fabricação de medicamentos e cosméticos.  

CASCAS – a utilização da casca do maracujá para fabricação de farinha já é bem estabelecida por ser um subproduto rico em fibras solúveis, como a pectina. Essa farinha/fibra é fonte de niacina, vitamina B3, que auxilia na produção de hormônios e na diminuição da ansiedade; ferro que além de prevenir anemia, aumenta a energia e proporciona maior disposição; cálcio, que ajuda no crescimento e fortalecimento dos ossos; fósforo, que atua na formação celular.

Pectina  –  ao  ser  ingerida  em forma de fruta ou farinha, em contato com o organismo, forma um gel, que além de promover sensação de saciedade, ao chegar ao intestino bloqueia a absorção da gordura dos alimentos; sendo assim, auxilia na perda de peso, na redução do colesterol e na diminuição da taxa de glicose no sangue.                                    

ALIMENTO FUNCIONAL – nos últimos anos tem-se atribuído aos alimentos, além das funções de “nutrição” e apelo “sensorial”, uma terceira função relacionada à resposta fisiológica específica produzida por alguns alimentos chamados de alimentos funcionais. Estes alimentos podem  prevenirou auxiliar na recuperação de determinadas doenças. Um alimento pode ser considerado “funcional” se for demonstrado que o mesmo pode afetar beneficamente uma ou mais “funções alvo no corpo”, além de possuir efeitos nutricionais adequados para o bem estar e a saúde do corpo.

FRUTA EXÓTICA – para a maioria da população mundial principalmente na América do Norte e Europa, a fruta do maracujá ainda é considerada exótica. O cenário mercadológico internacional sinaliza que cada vez mais serão valorizados os aspectos qualitativos e o “respeito ambiental” na produção de qualquer produto e que os principais países importadores e as principais frutas exportadas, incluindo o maracujá, mostram a grande potencialidade de mercado, tendo em vista, principalmente, o aperfeiçoamento dos mercados, a busca por processos de certificação, a mudança de hábitos alimentares e a necessidade de alimentos seguros com propriedades funcionais.

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