Maltodextrina é a melhor opção para suplementação de carboidratos?

A suplementação de maltodextrina no âmbito esportivo é uma estratégia frequente na oferta de energia. Por ser fonte de maltose e dextrina permite uma lenta absorção após a ingestão. Mas será que a “malto” é a melhor opção para suplementação e reposição de carboidratos?

A maltodextrina é derivada de um processo químico a partir da transformação do amido de milho, trigo, batatas ou arroz e tem sabor neutro. Utilizada além da suplementação esportiva como espessante e enchimento em alimentos processados. Suas calorias são idênticas a de açúcares tradicionais ou demais carboidratos, 4 calorias por grama e sua definição como carboidrato complexo tem como maior diferencial sua estrutura química que permite liberação lenta durante o processo digestivo.

Os carboidratos complexos se decompõem lentamente em unidades menores (glicose) e aptas para serem absorvidas pelo organismo, contribuindo para manter as taxas de açúcar no sangue adequadas e constantes (controle glicêmico), o que assegura na suplementação esportiva um repositor de carboidrato progressivo.

A maltodextrina é considerada segura pela Food and Drug Administration dos EUA e pela Anvisa no Brasil. No entanto, vários estudos recentes mostraram papéis prejudiciais desempenhados pela maltodextrina no ambiente intestinal, sugerindo que esta fonte de energia amplamente utilizada pode desempenhar um papel no rápido aumento da incidência de distúrbios inflamatórios crônicos, como doença inflamatória intestinal e síndrome metabólica.

Os pesquisadores descobriram que o consumo de maltodextrina exacerbou a inflamação intestinal de maneira dose-dependente (em que a dose utilizada está relacionada com o efeito). Mecanicamente, tais efeitos prejudiciais da maltodextrina foram ligados à ativação do estresse do retículo endoplasmático e alterações subsequentes da camada protetora de muco, o que significa que a barreira de proteção intestinal pode ser diretamente afetada de acordo com o consumo de maltodextrina.

São inúmeros os estudos que pontuam os efeitos irritantes gástricos da maltodextrina e a atenção quanto a essa suplementação e consumo, tal qual de outros suplementos químicos deve ter maior atenção na indicação nutricional e nas escolhas do consumidor uma vez que sinais e sintomas de mal estar e comprometimento da performance possam estar atrelado ao consumo de tais substâncias.

A saúde intestinal, assim como os microorganismos que fazem a colonização do ambiente intestinal humano, conhecidos como microbiota, são estruturas que devem ser preservadas para manutenção do bem estar e saúde, afinal, doenças intestinais inflamatórias como desarranjos e desconfortos associados com consumo de algum suplemento não propiciam uma atividade física atrelada ao bem estar e a estratégia de uso do suplemento para potencializar a resistência e resultados não sai como o esperado.

Matéria por Isabela Xavier – Nutricionista CRN364854

Referências:

LAUDISI, Federica et al. The food additive maltodextrin promotes endoplasmic reticulum stress–driven mucus depletion and exacerbates intestinal inflammation. Cellular and molecular gastroenterology and hepatology, v. 7, n. 2, p. 457-473, 2019; ARNOLD, Amanda R.; CHASSAING, Benoit. Maltodextrin, modern stressor of the intestinal environment. Cellular and Molecular Gastroenterology and Hepatology, v. 7, n. 2, p. 475-476, 2019; NICKERSON, Kourtney P.; CHANIN, Rachael; MCDONALD, Christine. Deregulation of intestinal anti-microbial defense by the dietary additive, maltodextrin. Gut microbes, v. 6, n. 1, p. 78-83, 2015.

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