GUARANÁ – GUARANAZEIRO
O Guaraná é um dos ingredientes que compõem a diversificada, nutritiva e deliciosa identidade tropical brasileira. Ao lado do samba, carnaval e do futebol, a fruta originária da Floresta Amazônica é marca registrada da cultura nacional no panorama internacional.
O Guaranazeiro (Paullinia cupana) é uma planta arbustiva/trepadeira que em seu estado selvagem pode atingir até 12 metros de altura. De clima tropical quente e úmido, ela produz o fruto do guaraná, cujo nome vem do termo “Wara’ná”, no idioma Sateré-Mawé. Esse termo remete à planta como um todo, em especial o “fruto e a semente”, cultuado pela etnia Sateré-Mawé por conter o princípio espiritual do “wará”, ou seja, “a explicação”, “o ponto de início de todo o conhecimento”.
O guaraná foi inicialmente cultivado pelos Índios Sateré-Mawé, etnia indígena que afirma ser descendente dessa planta. Os Sateré-Mawé domesticaram o guaranazeiro de seu estado selvagem passando a manejar os “filhos do waraná” (as mudas das plantas selvagens) em áreas de cultivo no seu território de abrangência, entre os estados do Amazonas e Pará. Com finalidades medicinais, alimentícias e ritualísticas, o guaraná na forma de bastão (“pão de waraná”) é ralado e dissolvido em água, dando forma à bebida tradicional “Çapo”.
Olhos humanos: Quando cultivadas em espaços abertos, as plantas assumem a forma de arbustos com dois a três metros de altura. Os frutos crescem em cachos de coloração vermelho-amarelado. Porém, quando amadurecem, suas cascas se rompem, deixando aparecer a semente negra envolvida por uma capa branca fazendo lembrar “olhos humanos”.
O guaranazeiro começa a produzir a partir do 3º ou 4º ano de vida e por volta do 5º ano alcança o nível máximo de produção, atingindo uma vida útil de até 20 anos. A colheita é realizada manualmente quando os frutos estão maduros. Os cachos são colocados em aturás (cestos) e transportados para os barracões.
Etapas do beneficiamento tradicional:
a) Fermentação: para amolecer as cascas dos frutos;
b) Despolpamento: para retirada da casca;
c) Lavagem: coloca-se o produto despolpado em um paneiro (cesto de fibra) e este dentro d’água, as sementes vão para o fundo enquanto a casca sobe à superfície. Lava-se então o guaraná para libertá-lo da massa branca aderente;
d) Torrefação: realizada em fornos de barro ou tachos de ferro, cobre ou argila. As sementes são revolvidas com um rodo e, após torradas, são colocadas em paneiros para esfriar. Em seguida, é feita a retirada da casquinha das sementes conforme a tradição – as sementes são colocadas em sacos e batidas com varas, depois se passa por peneiras;
e) Trituração: feita em pilões de madeira;
f) Panificação: Ao preparar o bastão do guaraná, acrescenta-se água aos poucos até formar uma pasta. Com o uso das mãos os “padeiros” compactam a massa, expulsando o ar e dando-lhe forma cilíndrica ao bastão;
g) Defumação: os bastões são levados para o “moquém” (grelha de varas) onde passam cerca de quarenta e oito horas sobre o fogo, para retirar a água e evitar rachaduras posteriores. Devidamente “assados” são levados ao fumeiro onde passam no mínimo quarenta e cinco dias;
h) Fumeiro: Casa de barro, hermeticamente fechada, com prateleiras onde são colocados os bastões para “curar”. A lenha usada para o fogo é o Murici que produz mais fumaça que calor e possui uma resina cujo odor empresta sabor característico ao pão (bastão) de guaraná.
A comercialização do guaraná costuma ocorrer nas seguintes formas:
a) guaraná em grão, torrados e limpos pelos produtores e vendidos aos intermediários e indústrias;
b) bastão, produzido a partir dos grãos torrados, moídos e misturados com água, moldados na forma de bastão;
c) guaraná em pó, fabricados por pequenas e médias indústrias que moem o grão e repassam o pó ao comércio varejista;
d) xarope e essências, usados em refrigerantes e produtos energéticos.
A área de produção do guaraná abrange a Terra indígena Andirá-Marau. A área recebeu esse nome pois é delimitada pelas cabeceiras do Rio Andirá, ao norte, e do Rio Maraú ao sul. Está situada nos territórios do Baixo Amazonas, na fronteira entre os estados do Amazonas e Pará, região Norte do Brasil, no Bioma Amazônia,. Essa área pertencente ao povo Sateré Mawé é definida como “Santuário Ecológico e Cultural do waraná”, onde o Conselho Geral da Tribo garante a existência e funcionamento do Consórcio dos Produtores Sateré-Mawé (CPSM), que representa e faz a gestão de toda a produção de guaraná.
As condições ambientais e de cultivo do guaraná devem ser aquelas derivadas das técnicas, dos conhecimentos tradicionais e do específico relacionamento da natureza mítico-religiosa que une simbioticamente os indígenas Sateré-Mawé ao waraná. Identificação Geográfica (IG) – Em 2020 a Terra Indígena Andirá-Marau foi reconhecida pelo Instituto Nacional de Propriedades Industrial (INPI) como “Indicação Geográfica” (IG) da espécie “Denominação de Origem (DO)” para o guaraná (guaraná nativo) e pão de guaraná (bastão de guaraná), tornando-se a primeira IG no Brasil utilizada por um povo indígena. Essa medida visa proteger a área de origem e o conhecimento tradicional associado ao cultivo do guaraná nativo e ao seu beneficiamento. Uma DO é concedida quando as características e/ou a qualidade de um produto se devem essencialmente às particularidades geográficas de uma região, incluindo atividades humanas específicas do local. Banco Genético – essa prática dos Saterés-Mawé garantem a conservação e a adaptação genética do guaraná em seu ambiente natural, com a Terra Indígena Andirá-Marau se constituindo no único banco genético in situ do guaraná existente no mundo.
Produto 100% brasileiro – além de ser um reconhecimento importantíssimo para o povo indígena Sateré-Mawé, pela sua história de domesticação da planta do guaraná e produção única, que guarda cultura, tradição e saber-fazer, é uma conquista de todos os Biomas brasileiros, de todo o país. “Tratasse de um produto 100% brasileiro, reflexo da riqueza de nosso povo, da nossa tradição e da nossa biodiversidade”.
GUARANÁ CAFEINADO
Potente poder estimulante – o guaraná é um dos vegetais mais ricos em cafeína, apresentando mais do que o dobro em comparação ao café. Por isso, o guaraná é conhecido por suas propriedades estimulantes, como redução da fadiga e aumento da agilidade, e como um auxílio ergogênico em atividades esportivas. Sua ingestão está associada ao aumento do desempenho em exercícios físicos pelo estímulo ao sistema nervoso central e melhora na percepção de capacidade física e esforço, atingida através da mediação com neurotransmissores (adrenalina e dopamina). Dessa forma, o guaraná atua potencialmente retardando o início da fadiga diante de exercícios prolongados e exaustivos. Contribui para que o atleta consiga tolerar mais os exercícios propostos e ter recuperação mais rápida, além de intensificar suas práticas de forma saudável.
Energia em forma de superfruta – A fruta do guaraná é categorizada como uma superfruta, devido à sua poderosa propriedade energética, estimulante e fortificante. Essa propriedade é associada à presença de compostos bioativos como as metixantinas (cafeína, teofilina e teobromina), principalmente a cafeína, que é relacionada ao aumento da função cognitiva e gasto energético. Estudos recentes apontam que o pó de guaraná também apresenta propriedades antioxidantes, vasodilatadoras, anti-inflamatórias, antitumorais e antidiarreicos.
Cafeina e o desempenho atlético – A ciência prova que a resistência e o desempenho atlético aumentam cerca de 20 minutos depois do consumo de cafeína. Assim que a sensação do cansaço for bloqueada, os atletas conseguem treinar ainda mais. Não há efeitos negativos, como desidratação ou desequilíbrio devido à cafeína. Na verdade, existem ainda mais vantagens: A substância age como vasodilatador nas artérias coronárias do coração, que são responsáveis pelo fornecimento de sangue ao músculo cardíaco. Quanto mais sangue seu músculo cardíaco receber, mais a pressão arterial vai aumentar. “Para atletas, a alta pressão arterial durante um treino ou competição pode ser uma vantagem”, uma vez que os músculos recebem bastante oxigênio, fazendo com que eles trabalhem de um jeito eficiente.
A cafeína é um dos melhores suplementos pré-treino – para qualquer pessoa que não seja atleta de nível amador ou de competição, a cafeína é um dos melhores suplementos pré-treino, pois é barato e fácil de encontrar. Ela melhora a resposta do sistema nervoso, pode nos ajudar a focar e pode afastar temporariamente a sensação de fadiga.